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A Máscara

Olho-me ao espelho:

- O reflexo que vi ontem aparenta o mesmo aspeto de hoje.

No entanto há fotografias em casa, de há muitos anos atrás e, embora me reconheça por ter existido, a figura impressa revela uma outra que já existiu.

Na aparência que se transformou, não existe no íntimo mutações intransponíveis. Sei que sou esse, sem mistérios ou transmutações. Eu, quando era, quando fui e enquanto sou.

Nos embates diários da vida, teria sido aquela imagem estagnada em papel, sempre a mesma?

Procuro-me no tempo e descubro que assumi outras faces, outros retratos, outros esgares, outras posturas de olhos e semblantes, de acordo com predisposições, embates, discursos, encontros fortuitos, entrevistas, conquistas de amor, perdas com dor ou sem ela, paternidades de educação e insolvências de querer ser aquilo que não sou.

Máscaras!

Apenas máscaras que se desdobram no quotidiano das coisas sem valor e dos acontecimentos que temos de valorizar.

Assumo as consequências de sobrolho franzido, quando o orgulho não me permite voltar atrás.

Arqueio sobrancelhas interrogativas, quando não existe uma resposta que me elucide.

Arregalo os olhos, quando a dúvida se instala e instiga a uma débil e não fundamentada afirmação.

Mostro dentes de raiva, quando me ofendem sem razão.

Os olhos saltam das órbitas e a boca abre-se de estupor, quando a agressividade me atinge.

...Tanta máscara em tão pouco rosto!...

Tantos rostos diferentes numa cara só!

É a máscara!

Que usamos sem darmos conta no quotidiano absurdo que se instala no espírito.

Nas tragédias que não são gregas, nas comédias que não são carnavais.

É a máscara da origem do ser!

Da cosmogonia que pretendemos alcançar!

Máscara que sou eu sem saberes se és tu!

Interrogativamente efémera e sem explicação.

Catarse de alma e catalepsia de estar.

Máscara de todos os dias, que um carnaval não explica, pela simples e mera razão de se
usar uma máscara que não é a nossa!

 

 

08/02/2013

Fernando Magalhães

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COMÍCIO

Vivam, apenas.

Sejam bons como o sol.
Livres como o vento.
Naturais como as fontes.
Imitem as árvores dos caminhos
Que dão flores e frutos
Sem complicações.

Mas não queiram convencer os cardos
A transformar os espinhos
Em rosas e canções.

E principalmente não pensem na Morte.
Não sofram por causa dos cadáveres
Que só são belos
Quando se desenham na terra em flores.

Vivam, apenas.
A Morte é para os mortos!

José Gomes Ferreira, Poesia I,
Portugália Editora, 1969




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"A VIDA É A ARTE DO POSSÍVEL EM LIBERDADE"
             A livraria estava cheia. Amigos e entes queridos estavam ordenadamente sentados, à espera da apresentação do tão aguardado livro.
Uma forte salva de palmas anunciou a chegada de Manuel. Este vinha vestido a rigor: um fato preto cor-de-carvão; uma camisa de seda branca e uma gravata vermelha. Com ar solene e uma voz emocionada, Manuel iniciou o seu discurso
- Saudações a todos! Em primeiro lugar, deixem-me  agradecer  a  vossa  presença, neste dia tão importante para mim. Hoje, vim até vós para partilhar convosco uma parte da minha história de vida:
           Tinha 19 anos quando entrei naquela solitária e escura cela. Fora preso por tráfico de droga. Rapidamente percebi  que tinha a vida destruída, devido a um maldito vício. Sempre tive tudo o que queria, mas faltava-me o mais importante: o amor e carinho dos meus pais. Sempre fui rebelde, no pior sentido da palavra. Tornei-me em alguém que nem eu próprio conhecia.
          Passados alguns dias na prisão, apercebi-me que a vida lá não é fácil.  No início, passou-me pela cabeça o suicídio. Todavia, a vida é feita de surpresas…
 Um dia, encontrei alguém na prisão. Era um indivíduo muito baixinho e tímido. Tinha sido preso pelos mesmos motivos que eu. Com o passar do tempo, aprendi que ter um amigo num local como a prisão é uma benção enorme. Aproximei-me dele e fomos ficando grandes amigos.
           Ainda faltavam quatro  anos para acabar a nossa pena, quando ambos fomos libertados por bom comportamento. Mal saímos daquele buraco escuro, pensámos construir algo que fosse importante para a sociedade; algo que, devido à nossa experiência de vida, pudesse, de algum modo, evitar com que mais gente passasse por tudo aquilo o que nós passámos. Por tudo isso, decidimos construir uma instituição de apoio a toxicodependentes.
                Passados alguns anos, decidi escrever este livro: “ A vida é a arte do possível em liberdade.”
               No final do seu discurso, toda a gente, sem exceção, batia palmas emocionadamente. No fundo da sala, estava um mendigo cuja  sua história se identificava um pouco com a de Manuel. O pobre e rude mendigo chegou-se então à frente e disse:
- Liberdade significa responsabilidade! Esta é a razão pela qual muitos homens a temem!
 
Autores: João Fernando e  José Pedro (antigo aluno da escola)



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Natal

No Natal
não há nada de mal,
ele  faz acontecer
a magia de viver.

O Natal é a alegria,
a magia de viver
e se tiveres carinho
ele faz acontecer.

No Natal há neve
os sinos tocam
mas quando ele acaba,
volta em breve.

(Ana Lucas Costa, 5.ºD)


*Por Mariana Rodrigues

Um namorado de outro planeta

No meio do escuro, no meio do universo, no meio de tudo, bem lá no centro, existia uma terra muito distante. Aí, tudo, mas mesmo tudo era diferente. Essa terra tinha o nome de Lubil. O mar era brilhante e calmo; as nuvens cor de rosa como algodão doce eram o alimento dos animais; as árvores tinham olhos e língua; as flores eram tão altas e compridas que as girafas tinham de fazer uma escadinha, umas em cima das outras para conseguirem cheirar o aroma perfumado das magníficas flores. Os animais eram os mais encantadores: os gatos voavam; os pássaros rastejavam; as cobras nadavam e os peixes saltavam.
Do outro lado do universo, no sistema solar, tudo estava normal no planeta terra. Aí vivia Matilde, uma jovem de catorze anos muito bonita. Tinha uns olhos cor de mar; nariz achatado e redondo; uma boca grande e um lindo cabelo comprido, estio, loiro e brilhante como o sol. Matilde era muito extrovertida e alegre.
Trim! Tocou a campainha da escola. Matilde saiu com as amigas Carolina e Vera. Sentaram-se ao lado do chafariz.
- Meninas, vou à casa de banho, ok?
As amigas abanaram afirmativamente a cabeça e continuaram a conversar.
Enquanto Matilde se dirigia à casa de banho, ouviu umas vozes estranhas a chamaram por ela. Seguiu as vozes e, como que por magia, chegou à arrecadação da escola. Aqui, encontrava-se um disco vermelho que piscava como um pirilampo. Ela baixou-se para o apanhar e, quando lhe tocou, deu por ela numa outra sala. A única coisa que Matilde queria fazer era sair dali rapidamente. Assustada e confusa abriu a porta. Ela não estava a acreditar no que via! Encontrava-se num mundo onde tudo era diferente. Esse mundo era Lubil. Aflita, perguntou a tudo e a todos o que era aquilo; onde é que ela estava; porque é que estava tudo ao contrário. Havia muitos pontos de interrogação dentro da cabeça de Matilde. Nesse instante, dirigiu-se a ela um ser bastante estranho. Este era branco como a neve; cabelos espetado e roxo; quatro olhos cor de avelã; barriga gorda e pés para trás. Era tão esquisito!
Matilde não hesitou e questionou:
- Quem és tu? Onde é que estou? Como vou sair daqui?
- Calma, calma, sou Bafali, o principe de Lubil, a terra onde te encontras. Tu deves ser humana. Viestes do planeta Terra, foi?
- Sim, venho do planeta Terra e chamo-me Matilde. Como vim aqui parar? – Perguntou novamente preocupada.
Bafali respondeu com um grande sorriso de orelha a orelha.
- Ah… já sei, deves ter interagido com algum dos nossos discos. Eles fazem as pessoas virem até aqui. Ainda estou a investigar como isso acontece, mas isso agora não interessa. Queres que te mostre Lubil?
Matilde esperou um pouco e não sabia bem o que responder, mas depois Bafali insistiu e ela aceitou.
A menina ficou encantada com o que viu. Era um mundo tão perfeito! Matilde não se interessou só pela terra mas também pela companhia. Bafali e Matilde estavam a apaixonar-se.
Estiveram dias e dias a conversar, a abraçar e a trocar olhares apaixonados. Todavia, sempre que Bafali pedia a Matilde para viver em Lubil, ou namorar com ele, a jovem respondia sempre negativamente. Temia que as amigas gozassem com ela por ter um namorado feio, estranho e de outro mundo.
Certo dia, Bafali encorajou-se e disse:
- Matilde, eu sei que tens vergonha de mim, mas eu gosto tanto de ti. Gostava mesmo que viesses morar para aqui…
A menina encheu os olhos de alegria e respondeu:
- Estive a pensar e acho que tens razão, Bafali. Eu não posso ter vergonha de ti só por seres estranho e diferente. Eu gosto de ti a sério. Tu podes ser fisicamente muito feio, mas por dentro sei que tens bom coração e isso faz de ti a pessoa mais bonita do mundo.
A partir daquele momento, Matilde passou a ter um namorado muito especial.
O amor não se escolhe pelas aparências, mas sim pelo coração.

*aluna nº12 da turma A do 9º ano

O Rei desastrado
Era uma vez um rei muito desastrado. Ele ia casar com a madame Isabel mas, como era desastrado, vestiu a camisola nas pernas, as calças no tronco, as meias nas mãos e as luvas pretas nos pés. Depois o rei foi ao quarto da rainha e, quando entrou, a rainha ficou toda irritada e deu-lhe um raspanete:
- Olha para ti estás todo mal vestido!
- Desculpa eu sou um bocado desastrado.
- Vai lá para o teu quarto que eu já vou lá te ajudar a vestir.
O rei lá foi para o seu quarto e, depois de os dois se vestirem, começou a cerimónia do casamento. Casaram e a rainha teve que “aturar” o rei desastrado toda a sua vida.  
(Alexandre, 5.ºA)


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O rapaz perdido
Num lindo dia de sol, um rapaz passeava com seus pais. De repente, viu uma coisa muito estranha. Parecia uma espécie de coelho, com pés de girafa e pernas tão curtas como as de um rato. Sem saber o que fazer, pois queria segui-lo sem os pais saberem, deixou-se estar e continuou a andar.
Apareceram umas nuvens de chuva e os pais da criança começaram a correr para se abrigarem. Encontraram uma gruta e dirigiram-se para lá.
A criança viu de novo o “coelho” e seguiu-o até uma grande clareira onde o deixou de ver. O rapaz tinha-se perdido dos pais e agora não sabia do “coelho”.
Os pais andavam desesperados.
De repente a chuva acalmou, o rapaz tentou encontrar os pais, mas sem sucesso. Estes não conseguiam saber o que fazer, pois sabiam que não iria ser fácil encontra-lo porque o jardim era muito grande.
O rapaz viu pegadas no chão e seguiu-as. Elas foram dar a uma grande, grande… casa. Ele viu símbolos na porta, não sabia o que significavam aqueles estranhíssimos símbolos. Percebeu que podia ser um mapa, porque havia um caminho a tracejado que levava à parte traseira da casa. Ele seguiu as instruções do mapa e encontrou a chave da porta da frente.
Entrou e viu um milhão de criaturas todas trocadas, entre elas também viu o “coelho”. Então o rapaz gritou:
– O que se passa aqui!?
E foi a vez de o “coelho” falar”:
– Uma bruxa enfeitiçou-me e trocou os nossos corpos. Não sabemos o que fazer e por isso atraí-te até aqui. Se nos ajudares podemos levar-te aos teus pais.
O rapaz concordou e perguntou-lhes onde é que vivia a bruxa.
Eles levaram-no até à clareira onde o rapaz se tinha perdido e tocaram num tronco de árvore fazendo um símbolo. O castelo apareceu e ele entrou. Havia muitos e muitos caminhos, mas só um levaria até à torre mais alta onde, nesse preciso momento, a bruxa dormia a sua sesta.
Eles entraram pé ante pé, mas a bruxa acordou e eles foram-se esconder. O rapaz viu onde estava a varinha mágica da bruxa e tentava pensar numa estratégia para a apanhar sem ser visto, mas não lhe vinha nada à cabeça.
Nesse momento ocorreu-lhe uma ideia. Se conseguisse tirar a bruxa do quarto teria tempo para correr e apanhar a varinha mágica… mas… não queria arriscar a vida de nenhum dos seus amigos.
Não poderia desistir pois tinha de ir ter com os seus pais, que deveriam estar muito preocupados.
Lembrou-se de apanhar o espelho que a bruxa tinha no quarto e, se ela o atacasse, o feitiço iria contra ela. Então deu um grande salto, pegou no espelho mas a bruxa, que era inteligente, não atacou pois sabia que o feitiço iria contra ela, e disse-lhe:
– Podes ser esperto, mas nunca me enganarás. Penso que vieste por causa dos animais, mas eu sou invencível, nunca ninguém te disse? Não será uma simples criança que me derrotará. Irás ter o que os teus amigos animais tiveram, eu sei que sim, e será muito gira a combinação que te darei. Cara de espelho, corpo de humano.
– Nunca me derrotarás, pois a bondade é melhor do que o mal. – exclamou o rapaz.
– Isso é o que veremos, mas digo-te já que não terás hipóteses de me derrotares.
Então começou a batalha. Ele sempre a apontar o espelho para onde a varinha da bruxa apontava e esta a voar à volta dele. De repente a bruxa fez um ataque e tornou-se invisível.
Ele apontou o espelho para todos os lados e viu-a passar pelo espelho. Apercebeu-se de que ela não ficava invisível no espelho e assim conseguiu fazer com que a bruxa não atacasse. Ela voltou a ficar invisível e voltaram ao mesmo mas o rapaz gritou:
– Não me consegues apanhar desprevenido!
– Já vais ver…
Nesse momento recarregou ao máximo a varinha e, partiu o espelho que o rapaz tinha na mão. Sem se poder proteger, ele pegou num outro espelho que estava ao seu lado e atirou-o contra a mão que agarrava a varinha. A varinha caiu da mão da bruxa, partiu-se e ela morreu. Os animais voltaram ao seu estado normal e o coelho declarou:
– Obrigado! Em troca podes ir ter com os teus pais.
E, de repente, o rapaz apareceu numa árvore onde os pais iam procura-lo e todos se alegraram.
– Estávamos muito preocupados. Ainda bem que estás aqui!
(José Pedro, 5.ºA)
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Era uma vez…
Era uma vez um sapo que andava muito aborrecido no seu lago e o menino foi para casa e disse à mãe:
– Estou muito aborrecido.
– Não estejas aborrecido, este é um dia feliz. – disse a amiga.
– Os meus amigos estão connosco.
– Vamos então ao cinema e depois vamos para casa e assim dormimos e amanhã iremos para a escola pois gosto muito das disciplinas que lá existem. Adorava que não houvesse fichas de avaliação.
Adorava que as aulas fossem maiores e muito divertidas, e que os professores explicassem tudo até todos perceberem.
E ninguém percebeu e então voltaram a explicar e perceberam e então continuaram a falar do que estavam a falar.
De seguida foram para o jardim brincar às caçadinhas e, ao jogar à caçadinhas e, ao jogar às caçadinhas, aparecerem-lhes uns leões.
Foram cumprimentar os leões, só que eles não gostaram da ideia por isso rugiram.
Depois um homem fugiu do leão e, com o longo carro que tinha, foi embora. Pelo caminho viu um elefante e deu-lhe boleia só que o carro não andava porque ele pesava muito. Foi arranjar o carro e disse:
– Hoje não estou com vontade de trabalhar.
– Mas tens de ir trabalhar!
– Não me apetece.
– Isso não interessa pois, agora que gritaste comigo, já voltei à vida!
(alunos do 5.ºA e 5.ºB)



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O problema de matemática
Dia de teste. Os alunos apressavam-se e estudavam o que ainda havia para estudar. Corriam para as aulas onde uns, mais despachados, já haviam chegado.
- Olá professora!
Nove e meia. A campainha tocou. O teste começara. Resolvi contas, fiz cálculos, até que cheguei ao exercício final: o problema de matemática. Difícil, mas comum.
Dizia: “A Madalena fez bolachas e deu metade a uma amiga. Depois, deixou cair uma metade das que lhe sobravam e ficou com 6 bolachas. Quantas bolachas fez?”
Ia ainda a ler o início e lembrei-me. Senti-me como se caísse no meio de nada. Senti-me alguém pequeno. Veio-me tudo à cabeça. As bolachas que a mãe fazia quando eu era pequena. Ou quando ela tinha 24 anos. 24… foi a resposta que eu pus no problema.
Entreguei o teste. A professora verificou-o. Parou no problema. Olhou fixamente. Depois sorriu e piscou-me o olho. Creio que compreendeu.
(Nara Gonçalves, 5.ºA)


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Felicidade
(...)
Se alguém,
quiser ser feliz
basta um abraço,
e põem-se os pontos nos is!
 (José Pedro, 5.ºA)

Comentários

  1. sou da escola rita cruz do 6ºD e adorei a história de "um namorado de outro planeta" e adorei o blog continuem assim.

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  2. Todos os textos são muito bons

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